sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Cathy Agallo reconta como é ser um estudante queniano no escuro

Cathy Agallo, uma membro ativa da ONE, reconta sua experiência de crescer em uma aldeia rural no Quênia. Atualmente, ela vive em Peoria, Illinois, onde ela trabalha em uma organização sem fins lucrativos.

Eu sou de Nairobi, no Quênia, e enquanto eu nasci em uma pequena aldeia, eu vivi na cidade praticamente toda a minha vida. Quando chegou a hora de eu ir para o ensino médio, eu escolhi estudar em um colégio interno em uma área rural, porque eu queria uma melhor educação.

Em Nairobi, todas as casas tinham eletricidade , embora não era muito acessível. Mas quando eu me mudei para uma área mais rural, eu só podia acessar energia até 06:00 da tarde. Na escola, eu corria para fazer tudo durante o dia, então eu não teria que usar um fogão a lenha ou lanternas para fazer minha lição de casa. Quando eu estudava depois de escurecer, rapidamente se tornava difícil se concentrar e minha visão muitas vezes enfraquecia enquanto eu trabalhava. No fim das contas, eu só teria que ir dormir porque a dor de cabeça tinha piorado muito.

Não era um ambiente propício para os alunos, mas a minha paixão por obter uma educação me fez ir além. Durante os exames, eu iria estudar mesmo sob os lençóis da minha cama com uma lâmpada a pilhas depois que todos tinham ido dormir .

No entanto, as minhas notas não eram a única coisa em risco quando a eletricidade era desligada todas as noites. Se alguém da minha escola ficasse doente durante a noite, a emergência teria que esperar até o dia seguinte, porque as instalações médicas não tinham eletricidade também. Em vez de ligar para o 911, usávamos remédios caseiros para manter o doente vivo até podermos encontrar ajuda na manhã seguinte.

Legenda da foto: Uma realidade comum demais - um estudante tentando estudar no escuro. Fonte: Lifeline Energy
Mas não era apenas a falta de energia elétrica em hospitais e clínicas o problema. Ninguém queria dirigir ou sair da aldeia à noite, porque qualquer um que saísse depois de escurecer era mais provável de ser assaltado. Até seis horas tudo estava fechado e todo mundo já tinha ido para casa para cozinhar o jantar e ficar dentro de casa até à manhã.

No entanto, mesmo quando você está dentro, você ainda não está seguro. As pessoas que vivem nas áreas rurais não são informadas sobre os perigos do uso de carvão dentro de casa e estão correndo um risco enorme cada vez que fazem uma refeição ou tentam aquecer sua casa.

Uma amiga achava que ela poderia se manter aquecida ao dormir perto de seu fogão de carvão durante o tempo frio. Ela morreu de intoxicação por monóxido de carbono durante a noite.

O fato de que as lojas fecham tão cedo, porque não há energia elétrica prejudica a economia. Um país só pode se desenvolver com base na quantidade de energia elétrica fornecida, o que significa que o Quênia está parado. No entanto, a África urbana está se desenvolvendo.

As pessoas em cidades com acesso à energia não têm que correr para casa todos os dias. Elas podem trabalhar nos turnos da noite, e sua economia opera 24 horas por dia. Precisamos trazer essa mesma infra-estrutura de energia e oportunidades relacionadas à África rural.

Temos a oportunidade de levar eletricidade a 50 milhões de africanos pela primeira vez através da "Electrify Africa Act of 2013" - ação para trazer energia elétrica para a África. É a nossa vez de falar e ser uma força motriz para a mudança.

Sem eletricidade em áreas rurais e urbanas, o Quênia não pode se desenvolver economicamente ou fornecer os serviços educacionais e de saúde necessários para ajudar a tirar a África da pobreza extrema.

Ajude alunos como Cathy apoiando o projeto de lei “Electrify Africa”. Assine nossa petição aqui.

Por: Cathy Agallo
Versão em Português: Aline Dias 

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