terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Finalista do Prêmio ONE África 2012: Eliminando as barreiras da educação para as meninas

Um dos finalistas ao Prêmio ONE África 2012 é uma inspiradora organização de Uganda chamada  SOVHEN -Apoio a  Órfãos e Vulneráveis para melhor saúde, educação e nutrição –em tradução livre.

Sendo um órfão criado por seus avós na área rural de Uganda, Richard Bbaale viu a filha deles como uma irmã mais velha enquanto crescia. Quando ela estava na adolescência, ele percebeu que pelo menos uma vez ao mês ela não ia à escola, às vezes faltava por uma semana. Mais tarde ele ainda notou que sua irmã costumava utilizar barro e folhas para controlar o sangramento, uma vez que seus avós não podiam pagar pelos caros absorventes que a teriam ajudado a frequentar as aulas, impediria infecções e evitaria constrangimentos. Anos depois, o sentimento de impotência e culpa por sua irmã ter perdido a chance de estudar assombrava Richard.

No início de 2000 na Universidade Martyrs em Nkozi, Richard é um estudante e inicia um clube com seus amigos que se concentra no apoio a órfãos e outros grupos vulneráveis ​​nas comunidades rurais com tutoria, encorajamento, atividades extracurriculares e muito mais. Os universitários se revezam para fazer voluntariado e ir às comunidades nos quatro distritos em que se concentram. Algumas vezes eles arrecadam dinheiro para comprar alimentos, material escolar e promovem partidas de futebol para que as crianças tenham uma distração. Os voluntários cada vez mais percebem que as meninas quando chegam a adolescência, passam a faltar na escola cada vez mais, até pararem de frequentar as aulas definitivamente. Enquanto Richard avança em seus estudos de ciência e engenharia, o pensamento em sua irmã ainda o incomodava. Um dia ao visitar uma aldeia,  ele percebeu os caules descartados do tronco de bananeiras após suas bananas serem colhidas. Esses caules enchiam as estradas e caminhos destas áreas rurais. Certamente deveria haver um uso para eles.

E com esse pensamento, Richard e seu grupo de amigos, que formalmente fora registrado como SOVHEN, concentraram-se em encontrar uma solução para estas garotas. Eles logo focaram no desenvolvimento de um absorvente higiênico que fosse acessível e criado a partir de materiais sustentáveis ​​e biodegradáveis. O caule da bananeira descartado, quando pressionado e processado, forneceu uma fibra absorvente que,  protegida em papel especial e com formato anatômico, poderia ser a solução para ajudar a manter as meninas nas escolas. Enquanto eles refinavam a ideia e testavam protótipos, a SOVHEN começou a propor parcerias que poderiam apoiar a implementação. Atualmente, após quatro anos de fabricação dos absorventes em instalações rurais da SOVHEN, a organização desenvolveu uma rede de distribuição que emprega equipes de mulheres para vender os absorventes, que são facilmente distribuídos nos quatro distritos rurais de Uganda onde a SOVHEN opera, através de uma rede estreita de trabalhadoras que ganham dinheiro com as vendas. SOVHEN também criou empregos nesses distritos rurais, localizando o processamento e manufatura do caule da bananeira em instalações próximas, para que mulheres e homens locais recebam salários por seu trabalho. Os indivíduos que fabricam, distribuem e vendem os Bana-pads passam por treinamento intensivo de desenvolvimento de negócios. Os Bana-pads não são a única fonte de renda para essas pessoas, mas participando com a SOVHEN, elas adquirem habilidades importantes que podem levar para seus próprios empreendimentos.
                                                              Mais imagens no Flickr.

Além do trabalho em torno do desenvolvimento e fabricação do absorvente, SOVHEN ainda está ativa em suas comunidades, oferecendo serviços adicionais aos órfãos e vulneráveis. Com sua presença nas escolas dessas comunidades, a SOVHEN aumenta a consciência dos desafios específicos que as meninas enfrentam no seu desenvolvimento educacional. SOVHEN, trabalhando com outros grupos da comunidade, tem sido responsável por mudar as atitudes que cercam as meninas quando entram na adolescência, a reduzir o estigma do ciclo menstrual. SOVHEN também trabalha lado a lado com o governo de Uganda para garantir que suas políticas nacionais de igualdade de gênero e de combate ao desemprego de jovens sejam totalmente implementadas. De fato, representantes do Ministério de Gênero, Trabalho e Desenvolvimento Social só tinham elogios para os esforços da SOVHEN em manter as meninas na escola e ao mesmo tempo a criação de emprego com soluções inovadoras e sustentáveis.

A SOVHEN impacta diretamente nos seguintes Objetivos de Desenvolvimento do Milênio: cria emprego e renda (1-Erradicar a fome e pobreza extrema), mantém as meninas na escola (2-Universalizar o acesso a educação básica)  e promover a igualdade de gênero e valorização da mulher (3). Estamos orgulhosos de reconhecer SOVHEN por seu trabalho e espero que você goste de conhecer sua história!

Por: Nealon DeVore
Versão em Português: Li Lima

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

ONE na estrada com Stardfield no Canadá

Mês passado, a One foi para a estrada com a banda contemporânea Cristã canadense e membro da One de longa data Starfield em sua turnê “We Are The Kingdom”. Os Voluntários da One fizeram centenas de novos membros e expressaram palavras sobre doenças evitáveis, nutrição infantil global e aumentaram a conscientização sobre o maravilhoso vegetal – A batata doce!
Starfield em Ottawa
Cada membro da banda usava com orgulho suas pulseiras brancas da ONE a cada noite e incentivavam o público a tornarem-se membros. Nós também tivemos a equipe do Starfield conversando com as pessoas sobre a ONE! A mensagem da One foi reforçada cada noite com histórias e vídeos da banda em sua recente viagem para o Kenya com o World Vision onde eles encontraram a extraordinária Anastásia, que é responsável por cuidar de seus nove netos órfãos.  Esse vídeo preocupante foi um lembrete tangível da vida e risco real que o povo da África enfrenta. A banda é apaixonada pela luta contra a pobreza extrema e regularmente incorpora a consciência e a defesa em seus shows.
Gerente de turnê do Starfield, Duane Bradley  em Toronto
Tim Neufeld, vocalista do Starfield disse o seguinte sobre a parceria com a ONE:

“Nós AMAMOS trabalhar com a equipe da ONE na turnê “We are the Kingdom”. Seu entusiasmo e habilidade de elevar-se acima da política partidária que parece dominar nossa era é revigorante e inspiradora. Nós desejamos a ONE que Deus abençoe sua luta contínua para acabar com a pobreza extrema e sofrimento ao redor do mundo.”
Sarah Stone da ONE, Jon Neufeld & Tim Neufeld do Starfield e Talia Stone, membro da ONE em Montreal
A resposta e entusiasmo para a ONE foi outro ótimo exemplo de paixão que os Canadenses têm por assuntos globais. Sem falha, em cada parada da turnê as pessoas estavam animadas sobre engajamento e usar suas vozes para fazer a diferença para os mais pobres e vulneráveis do mundo."

Por Sarah Stone
Versão em Português: Deise Oliveira

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A luta para salvar a Assistência ao Desenvolvimento da UE

Ao longo das últimas semanas, quando entramos na reta final da luta para salvar a Assistência ao Desenvolvimento da União Europeia, nossos membros de Bruxelas reforçaram nossa mobilização pública, em campanha para garantir que o financiamento de programas de Desenvolvimento sejam protegidos no próximo orçamento da UE .

Uma nova pesquisa com argumentos econômicos para investimentos da UE em Desenvolvimento, foi  apresentada aos embaixadores, conselheiros e funcionários de todas as representações permanentes aqui em Bruxelas; promovemos encontros de nossos membros, treinamentos de lobby, eventos “Escreve Cartas” por toda a cidade; enviamos centenas de cartas escritas à mão e milhares de e-mails ao presidente do Conselho Europeu Herman Van Rompuy, e até mesmo haikus! - (poemas curtos de estilo japonês).

E nesta noite, entregamos em mãos nossa petição Lifesaver para todos os 27 estados membros da UE, garantindo que a mensagem de 160.000 membros da ONE seja levada diretamente aos líderes europeus.

Nas horas finais que antecedem a Cúpula dos Líderes, temos mais alguns truques na manga para manter o desenvolvimento em foco. Caso ainda não tenha assinado, por favor, adicione  sua voz a nossa petição.

Por Erin Finucane
Versão em Português: Li Lima

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

GAVI na linha de frente da prevenção do câncer

Estou ansiosa para participar da Cúpula de Líderes Mundiais Contra o Câncer 2012 a ser realizada em Montreal, Canadá, em 27 de agosto. Esta será uma oportunidade para fazer um balanço de onde o mundo se encontra com relação à prevenção e tratamento do câncer e aprender mais sobre a ação de enfrentar os desafios existentes para eliminar o câncer como doença fatal para as gerações futuras.
Foto: Adolescentes andam da escola para casa em Makeni, Serra Leoa. Todos os anos cerca de 270 mil mulheres morrem de câncer de colo uterino e outras 500.000 recebem um novo diagnóstico; principalmente, em países em desenvolvimento. Seguras e eficazes contra o HPV (papilomavírus humano) vacinas estão disponíveis e podem prevenir 70% dos casos de câncer de colo uterino.
Fonte: Olivier Asselin/GAVI/2009.
Líderes da saúde, governo, setores empresariais e filantrópicos vão se reunir para discutir formas inovadoras de reverter a epidemia global de câncer e estou animada para fazer parte disso.

Desde 2000, a Aliança GAVI tem feito grandes progressos no apoio aos países de baixa renda frente ao combate às causas da morte entre crianças, como a pneumonia e a diarreia, acelerando a implantação de vacinas novas e pouco utilizadas.

Quando se trata da prevenção do câncer eu fico feliz em dizer que a GAVI também está fazendo a diferença nesta frente. Ao acelerar a introdução de vacinas contra a hepatite B, em países em desenvolvimento desde 2000, a GAVI ajudou a prevenir um número estimado de 3,7 milhões de mortes por câncer de fígado (causada por hepatite B).

Veja Também: Os sinceros agradecimentos da CEO da GAVI, Helen Evans.

O sucesso da GAVI na implantação da vacina contra a hepatite B, a primeira vacina contra o câncer, pode agora ser potencialmente reproduzida com vacinas contra o vírus do papiloma humano (HPV), a principal causa do câncer de colo do útero.

As mulheres nos países em desenvolvimento, muitas vezes, têm pouco ou nenhum acesso à triagem ou ao tratamento para o câncer de colo uterino; então, uma vacina que previne o HPV é muito mais importante.

O apoio da GAVI para as vacinas contra o HPV ajudará a proteger dezenas de milhões de meninas contra o câncer de colo uterino, que é a principal causa de morte por câncer entre as mulheres em países pobres. O que é mais perturbador sobre esse tipo de câncer é que ele atinge mulheres em seus quarenta e cinquenta anos, quando a sua contribuição para as famílias e a educação dos filhos é mais importante. E as crianças deixadas para trás não só são roubadas de sua mãe, mas muitas vezes têm uma chance menor de conseguir uma boa educação e receber os cuidados de saúde adequados.

Enquanto a GAVI pode assegurar preços acessíveis de fabricantes, esperamos começar a fornecer as vacinas aos países qualificados da GAVI prontos para implantá-las em nível nacional já em 2013. Países candidatos ao apoio da GAVI para executar um projeto de demonstração mais focada no HPV também precisam mostrar que sua estratégia de implantação da vacinação contra HPV em meninas de 9 a 13 anos é integrada como parte de um programa nacional de prevenção e triagem.

Com o crescente foco na prevenção do câncer de colo uterino, estou muito esperançosa de que a Aliança GAVI contribuirá, evitando milhões de mortes por câncer de colo de útero, através da vacinação e garantindo que todas as mulheres, onde quer que elas nasçam, possam ser protegidas contra esse tipo horrível de câncer.
Leia mais posts da GAVI no Blog ONE  aqui.

Pela Convidada Blogger
Por Helen Evans CEO Adjunta da Aliança GAVI
Versão em Português: Mônica Brito

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Agricultura

O Desafio

A Assistência ao Desenvolvimento para a agricultura tem diminuído ao longo das últimas duas décadas, deixando muitos países pobres mais vulneráveis ​​à fome e à pobreza. Na África Subsaariana especialmente, a agricultura tem sido marcada por baixa produtividade e baixo investimento, o que torna difícil para os africanos alimentar-se e ganhar renda com agricultura. O aumento dos preços dos alimentos em 2008 comprometeu ainda mais pessoas em nações pobres pois os preços dos alimentos importados como arroz, trigo, milho atingiram o pico. Isso, combinado com a crise financeira mundial, resultou em um impacto econômico devastador em famílias pobres, que frequentemente gastam pelo menos metade de sua renda em alimentos. Estima-se que em 2009 o número de pessoas famintas no mundo ultrapassou 1 bilhão. Apesar deste número ter decrescido ligeiramente (925 milhões em 2010), está prestes a subir novamente pois os preços mundiais dos alimentos estão 50% mais altos do que há seis meses, um aumento que pode durar anos segundo previsões de analistas e poderia conduzir milhões a pobreza e fome .

A oportunidade

Investimento em agricultura pode ser transformador, especialmente para os camponeses na África Subsaariana, onde o setor emprega cerca de dois terços da população e é responsável em média por um terço do PIB. As mulheres produzem de 60 a 80% dos alimentos na África subsaariana, e o Banco Mundial estima que o crescimento no setor agrícola é duas vezes mais eficaz na redução da pobreza, que o crescimento em outros setores. Este investimento vai ajudar as pessoas mais pobres do mundo a escapar da pobreza. Além de acelerar o crescimento econômico, o investimento na agricultura também permitirá que os países mais pobres do mundo alimentem melhor seu povo e resistam a choques futuros decorrentes de alterações nos preços globais de alimentos, mudanças de padrões climáticos e crises financeiras.
O acesso a ferramentas, fertilizantes, sementes e informações são urgentemente necessários para ajudar as comunidades a evitarem outra crise de alimentos. Redes de Segurança Social do tipo Programa Frente de Trabalho também são necessários para garantir que as famílias mais vulneráveis não empobreçam ainda mais. A longo prazo, a segurança alimentar e o crescimento e econômico exigirão investimentos significativos em agricultura e desenvolvimento rural. Com infraestrutura, melhorias na tecnologia e treinamento e acesso a serviços financeiros, os agricultores poderão beneficiar-se com aumento das colheitas e conexões mais fortes com os mercados domésticos, regionais e internacionais.

Versão em Português: Li Lima

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

As vozes que eu quero ouvir

Eu comecei este ano viajando pela África com Bono visitando lugares não visitados há uma década. Um deles era no norte de Gana. Gana é muitas vezes visto como uma história de desenvolvimento de sucesso. Ele tem uma democracia estável, rápido crescimento da economia e já atingiu o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir pela metade a pobreza extrema. Há rumores sobre o local – eles estão na estrada de saída da ajuda. Mas este sucesso não chegou a todos e o norte de Gana, em particular, se sente deixado de fora do progresso em todo o país, tal como aconteceu há uma década.

Nesta visita ao norte fizemos uma parceria com Jeffrey Sachs e visitamos o Distrito Kpasenkpe, onde conhecemos Fatahiya Yakubu, uma enfermeira de 24 anos, trabalhando duro para ajudar a comunidade. Ela é uma de apenas duas enfermeiras que servem 30.000 pessoas em seu consultório. Ela claramente poderia fazer com alguma ajuda, como poderia a toda comunidade.

É por isso que eu estou animado, pois o Departamento do Reino Unido para o Desenvolvimento Internacional já começou a trabalhar, a partir desta semana, em Kpasenkpe, através do método Aldeias do Milênio e com a Autoridade Regional de Desenvolvimento Acelerado Savvanah. O projeto  Aldeias do Milênio é uma experiência importante. Acompanhar uma aldeia e distrito em um período e trabalhar em todos os setores – investir na educação, agricultura, saúde, governança – ao mesmo tempo.

A abordagem não tem sido imune às críticas e muitas lições têm sido aprendidas ao longo do curso dos projetos Vilas do Milênio em outras partes da África.

Com base neste trabalho, é também crucial que este último programa para Kpasenkpe seja, de forma independente, rigorosamente fiscalizado através de controle aleatório, de dados disponíveis publicamente e os resultados publicados para que os contribuintes britânicos possam ver como seu dinheiro está sendo investido e quais resultados estão sendo ou não alcançados.

Ajuda por si só não é a resposta para o desenvolvimento – as políticas que promovem a transparência, a boa governança, o comércio, o investimento e o crescimento inclusivo são igualmente importantes – às vezes até mais. Mas a ajuda inteligente, estrategicamente utilizada, pode salvar vidas em curto prazo e ajudar a catalisar as comunidades e economias nacionais para prosperar em médio e longo prazo.

O tipo de monitoramento independente deste projeto Aldeias do Milênio será examinado para que se torne uma prática mais generalizada frente ao setor de desenvolvimento. No geral, a comunidade de desenvolvimento precisa se tornar mais parecida com o setor empresarial na forma de experimentar, enfrentar tanto o sucesso e o fracasso bravamente, correr riscos, ser empreendedora, aprender lições e se adaptar. Ajuda inteligente, do tipo que nós defendemos para a ONE, é um investimento que mede resultados, que se mantém responsável pela entrega, que oferece a melhor avaliação independente do que funcione e, mais importante, honra as lutas reais destes cidadãos, por se abrirem a respeito do que não funciona.

Como parte de nosso próprio compromisso, nós iremos acompanhar o andamento de Kpasenkpe e Fatahiye e outras comunidades e indivíduos em todo o continente. Queremos saber o que as heroínas como Fatahiya fazem a seguir e como elas irão aproveitar e obter as oportunidades que devem surgir como resultado, principalmente, de seus próprios esforços – apoiados por britânicos, de outros programas de ajuda às nações e outras políticas que abrangem assuntos como comércio e transparência. E queremos ouvir as suas preocupações e críticas ao projeto também. Nós publicaremos suas histórias neste blog.

Queremos dar a essas vozes vitais uma plataforma para que possamos levar suas opiniões diretamente aos líderes, como a reunião do G8, ou as Cimeiras Anuais da União Africana, e dar às pessoas mais pobres a oportunidade de dizerem aos líderes o que deveriam estar fazendo para ajudar a acabar com a pobreza extrema e a fome.

Estas são as vozes que eu quero ouvir. Espero que você também. Portanto, fique atento ao blog ONE para mais.

Por Jamie Drummond
Versão em Português: Mônica Brito

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Vozes Africanas: Memuna Sandow

Antes de me tornar deputada distrital em 2009, eu já estava trabalhando com a minha comunidade por anos, especialmente com as mulheres. Mas eu cheguei a perceber que, apesar do meu trabalho árduo, sem uma posição oficial, a minha capacidade para efetuar uma mudança seria sempre limitada.

Se você não é uma deputada, se você vai a qualquer lugar para dizer alguma coisa, eles irão lhe perguntar: “Quem é você?”. Mas tudo isso mudou quando fui eleita para representar as comunidades de Wulugu, Silinga e Nabari em âmbito distrital. Agora em qualquer escritório que eu quiser entrar, eu entro, e lhes digo a que eu vim para, e se eles podem ajudar ou não podem, que eles me deixem saber.
Memuna Sandow é deputada do Distrito Oeste de Mamprusi, norte de Gana.
Como uma de apenas cinco mulheres no grupo de 43 membros da assembleia, estou especialmente determinada a ter minha voz ouvida. Muitos homens na comunidade resistem à ideia de mulheres na liderança. Eles acreditam que, se uma mulher recebe a posição mais elevada, ela não irá respeitar o marido, ela será arrogante. Então, por causa disso alguns homens recusam que suas mulheres saiam e se transformem em líderes. E mesmo meu marido tendo me apoiado desde o início, sofri intimidações e insultos durante a campanha. Mas as mulheres da minha comunidade me ajudaram a perseverar.

Como um membro da assembleia, eu me reúno regularmente com as comunidades para saber o que elas precisam e depois advogo, em seus nomes, com o governo e outros potenciais patrocinadores. As comunidades rurais que eu represento tem uma população de 1700, mas nenhuma delas tem um centro de saúde, as escolas estão em condições precárias e faltam professores treinados, a eletricidade não está disponível e as fontes de água são inadequadas, especialmente durante a estação seca.

Nos próximos anos, pressinto as unidades de saúde a uma curta distância de todos, o abastecimento de água suficiente e acessível, e energia elétrica para permitir que as comunidades se conectem com o mundo. Hoje em dia, é computador em toda parte. Sem eletricidade, você não pode trabalhar em um computador. Você usa o computador para navegar, encontrar os amigos, para descobrir o que está acontecendo no mundo e até mesmo para encontrar fontes de apoio para as necessidades da comunidade.

A educação é um componente fundamental: eu quero ver edifícios escolares melhores dirigidos por professores treinados e comprometidos, de modo que todas as crianças, especialmente as meninas, possam ser habilitadas com a educação. Em última análise, são as mulheres que cuidam de suas famílias e comunidades. É tão importante capacitar e educar a menina. Se um menino recebe dinheiro, ele vai casar, ele vai beber. Mas se uma garota recebe dinheiro, se uma menina recebe boa educação, ela vai construir uma casa para a família, ela vai cuidar da família. Ela ainda vai cuidar de outras pessoas que chegam a ela.

Com contribuições de cidadãos africanos que vivem em comunidades afetadas pela extrema pobreza, a série ONE Vozes Africanas vai seguir o curso para dar uma melhor compreensão dos desafios do dia a dia que eles enfrentam e também para acompanhar as mudanças que ocorrem ao longo do tempo. Saiba mais em one.org/africanvoices (em inglês).

Este post foi gentilmente cedido pelo Projeto Aldeias do Milênio

Pela Convidada Memuna Sandow
Versão em Português: Mônica Brito

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

UNESCO concede prêmio vergonhoso

Tutu Alicante, fundador e diretor executivo da EG Justiça, uma ONG que se concentra em melhorar os direitos humanos e a governança na sua nativa Guiné Equatorial, relata sobre as últimas notícias a respeito do prêmio da UNESCO ao presidente Obiang.

Tem sido uma semana preocupante para aqueles entre nós preocupados com a corrupção e a má governança. E é um dia problemático para a maioria dos guinéu-equatorianos.
Na terça feira à noite, a UNESCO concedeu o prêmio controverso patrocinado pelo Presidente Obiang, da Guiné Equatorial, meu país natal. A decisão de fazer isso é uma vergonha à organização e um revés no esforço para pressionar a boa governança e a prestação de contas do governo na Guiné Equatorial.
O UNESCO - Prêmio Internacional Guiné Equatorial para Pesquisa em Ciências da Vida foi concedido, apesar de um clamor global sem precedentes de uma miríade de atores, incluindo os prêmios Nobel, os ganhadores do prêmio Cano, destacados intelectuais africanos e latino-americanos e figuras literárias, cientistas, profissionais de saúde pública, grupos de liberdade de imprensa e organizações da sociedade civil.
Muitos guinéu-equatorianos falaram bravamente contra o prêmio, assim como muitos outros africanos, incluindo campeões proeminentes da justiça social como o arcebispo Desmond Tutu, o vencedor do Prêmio Nobel Wole Soyinka e o renomado escritor Chinua Achebe. Suas vozes foram ignoradas pelos delegados da UNESCO, aparentemente mais preocupados em reforçar os seus laços diplomáticos e de negócios frente ao regime de Obiang e mais de pé com a falsa ideia de “Solidariedade Africana” do que com a defesa dos princípios defendidos pela UNESCO.
Ao avançar com o prêmio, a UNESCO está ajudando a lavar a imagem de um homem que, rigidamente, controla o poder desde 1979 e que aparece com a intenção de criar uma dinastia familiar por, eventualmente, entregar o poder ao seu filho. Aquele filho, comumente referido como Teodorín, é o objeto de uma investigação de corrupção nos Estados Unidos e é procurado sob um mandado de captura internacional emitido semana passada na França – o mesmo país em que a cerimônia de premiação ocorreu.
O objetivo declarado do prêmio UNESCO é “contribuir para a melhoria da qualidade de vida humana”. Tendo estado no poder por 33 anos, o Presidente Obiang teve tempo suficiente para melhorar a qualidade de vida humana dentro do meu país. No entanto, a grande maioria dos guinéu-equatorianos permanecerem atolados na pobreza, sem acesso confiável a água potável ou a bons cuidados de saúde. O Presidente Obiang, sua família e colaboradores mais próximos, por outro lado, apreciam estilos de vida escandalosamente luxuosos com o dinheiro obtido através da riqueza em petróleo da Guiné Equatorial.
A hipocrisia do prêmio é ainda delineada pela detenção, politicamente motivada, do Dr. Wenceslao Mansogo Alo, um médico muito respeitado em um país com poucos médicos qualificados. Dr. Mansogo, que também é ativista de direitos humanos e líder de um partido opositor, teve sua licença médica revogada e sua clínica fechada, apesar de receber um indulto do presidente Obiang em junho de 2012.
A perseguição ao Dr. Mansogo não é única: guinéu-equatorianos são mantidos em estado de medo por um regime que utiliza a prisão arbitrária, a perseguição e a tortura para intimidar vozes críticas dentro do país.
Em março, quando a UNESCO aprovou o prêmio, alguns dos 33 delegados da UNESCO que votaram a favor (18 votaram contra e seis se abstiveram) afirmou que o prêmio demonstrou que os países em desenvolvimento podem ajudar a si mesmos. Sim, isso é verdade. Eles podem. E eles deveriam. Mas os países em desenvolvimento não são ajudados por um prêmio que reflete a má governança.
Apesar do nome, este não é um prêmio apoiado pelo povo de Guiné Equatorial.
Este é o prêmio do presidente Obiang. Ele decidiu unilateralmente dar à UNESCO $3 milhões do Tesouro do Estado, em um esforço para polir sua imagem internacional manchada.
A decisão da UNESCO de suspender o prêmio em 2010 e 2011, em resposta à pressão esmagadora, era de abrir os olhos para muitos dos meus compatriotas homens e mulheres. Para, talvez, pela primeira vez, perceberem que o Presidente Obiang não era invencível. Isso abriu uma rachadura na fachada de seu regime todo poderoso.
Temo que a infeliz decisão geopolítica conduzida para atribuir o prêmio vá fechar essa fenda, extinguir o raio de esperança e dar raiz ao cinismo endurecido, onde guinéu-equatorianos acreditam que a comunidade internacional virou as costas para eles. Em certo sentido, a UNESCO já fez.
Siga a EG Justiça no Twitter:  @EGJustice

Pelo Convidado do Blog Tutu Alicante
Versão em Português: Mônica Brito

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Ajude a proteger a Assistência Internacional da UE para os mais pobres

No dia 30 de Agosto, Ministros e Secretários de Estado responsáveis pelos Assuntos Europeus reuniram-se em Chipre para discutir um dos processos mais importantes para o desenvolvimento atualmente na União Europeia: o orçamento para o período 2014-2020.

Graças ao apoio e campanha dos membros da ONE no ano passado, 51 Bilhões de euros foram propostos para a Assistência ao Desenvolvimento para as nações mais pobres do mundo. Mas esta proposta está agora sob ameaça, alguns governos querem cortar o orçamento geral da UE, nós precisamos garantir que a Assistência aos países em desenvolvimento não seja vítima dessas medidas de austeridade.

Para enviar uma mensagem clara para os líderes da UE para proteger a Assistência ao Desenvolvimento, a ONE lança a campanha Lifesaver. A campanha vai comemorar o fato de que todos na Europa salvam e podem continuar a ser salva-vidas, através do orçamento da ajuda da UE. Lifesaver apela aos líderes europeus e Ministros a declararem publicamente seu compromisso de priorizar a Assistência ao Desenvolvimento no próximo orçamento da UE para garantir que ainda mais vidas sejam salvas.

Graças à ajuda da UE, entre 2004 e 2009, 9 milhões de crianças puderam frequentar o ensino primário, mais de 5 milhões foram  vacinadas contra o sarampo, e mais de 31 milhões de pessoas passaram a ter acesso à água potável. Um orçamento de ajuda ambicioso da UE irá levar a resultados ainda mais expressivos.

A reunião é uma das últimas oportunidades para que os ministros compilem suas prioridades num documento que irá guiar todo o processo - um momento da verdade quando eles podem mostrar seu compromisso com a proteção às despesas com Assistência ao Desenvolvimento. Ajuda da UE fez uma diferença enorme, e precisamos garantir que continuem a desenvolver esse trabalho na luta contra a pobreza extrema.

 
Assine a petição:

No ano passado, nossos membros lutaram para incluir uma proposta de aumento no orçamento de Ajuda Internacional da UE . Mas esta proposta para salvar vidas está sob ameaça agora.

Por Johanna Stratmann
Versão em Português: Li Lima

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Expandindo o acesso à energia para combater a pobreza extrema

No segundo de dois vídeos (em inglês), Richenda discute o que Setor Privado, Governos e Sociedade Civil podem fazer em 2012 para vencer  a deficiência energética.
Você pode descobrir mais sobre deficiência energética e o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos no link: http://onebrazil.blogspot.com.br/2012/03/2012-e-o-ano-internacional-da-energia.html e sobre os Vencedores do Prêmio Ashden no www.ashden.org (em inglês).

Por Tom Wallace
Versão em Português: Li Lima

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Por que energia é importante para o Desenvolvimento


A recente Conferência da Ashden 2012 para Soluções Sustentáveis para uma Vida Melhor teve o foco em soluções de energia e foi presidida pela Diretora Executiva de Energia e Clima das Nações Unidas Richenda Van Leeuwen, que é especialista internacional em energia com mais de 20 anos de experiência e tem um foco especial no acesso à energia para melhorar a vida em comunidades  pobres. Sentei-me com ela para falar sobre a importância do acesso à energia e sobre o Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos (link em inglês SE4ALL).

No primeiro de dois vídeos (em inglês) Richenda e eu discutimos a importância do acesso à energia e por que é necessário enfrentar o desafio agora, no Ano Internacional da Energia Sustentável para Todos.
No próximo vídeo Richenda discutirá como o setor privado, governos e sociedade civil podem ajudar a combater a deficiência energética.

Por Tom Wallace
Versão em Português: Li Lima

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Um passo importante na Corrida Contra a Fome

Enquanto os Jogos Olímpicos de Londres 2012 se aproximavam do fim, eu estive em Downing Street (residência oficial e escritório do Primeiro-Ministro do Reino Unido) para participar de uma cúpula de líderes, especialistas e ativistas para lançar uma corrida contra a fome e a desnutrição. Eu queria te contar como foi - e informar que Você ajudou a criar uma chance real de evitar que 25 milhões de crianças sofram de raquitismo e alcancem todo seu potencial.

David Cameron decidiu realizar este evento depois que milhares de membros da ONE e outros pediram para fazê-lo. Durante o evento, Sua voz e de outros 600.000 foram entregues ao Primeiro-Ministro britânico, chamando os líderes mundiais a combater a desnutrição e permitindo que milhões de crianças prosperem.

Fiquei muito orgulhoso de nossa equipe que trouxe um incrível time de grandes atletas a Downing Street. O Britânico Mo Farah- duas vezes medalha de Ouro Olímpico, a lenda do futebol brasileiro- Pelé, o etíope Haile Gebrselassie- Campeão do Mundo e Olímpico - deram início a uma empolgante corrida até o número 10 da Downing Street, numa pista especialmente criada para cinco crianças entregarem um bastão ao Primeiro-Ministro britânico e ao Vice-Presidente do Brasil (Michel Temer), incitando-os a lançar uma corrida contra a fome.

Lá dentro, ouvimos uma série de promessas. A Comissão Europeia comprometeu-se a reduzir o número de crianças raquíticas (7 milhões até 2025). A liderança Irlandesa prometeu fazer do combate a fome e desnutrição uma prioridade em sua gestão na presidência da União Europeia no próximo ano. Índia prometeu dobrar seu investimento em nutrição. David Cameron também comprometeu-se a usar a Presidência do G8 em 2013 para liderar nesta questão vital. Enquanto isso, empresas privadas como Unilever e Vodafone comprometeram-se a desempenhar o seu papel.

A cúpula decidiu por um esforço maior para fazer progressos significativos no combate a fome e desnutrição a tempo da próxima Olimpíada em 2016. Esta era uma das principais metas pela qual apelamos. Se os líderes mantiverem suas promessas e as cumprirem, quando os atletas se encontrarem novamente no Rio, 25 milhões de crianças terão sido salvas do raquitismo. E isso será apenas o começo!

Estes são avanços reais na corrida contra a fome, e não teria sido possível se não fosse por Você. Os membros da ONE pediram que este evento ocorresse e que compromissos concretos fossem firmados. Ambos aconteceram.

Há muito mais a fazer na corrida contra a fome, mas pelo que eu vi da paixão e dedicação de nossos membros ao longo das últimas semanas,  sei que podemos chegar lá. E como disse Mo Farah, esta talvez seja a corrida mais importante de todas.
Muito obrigado!

Por Adrian Lovett 
Versão em Português: Li Lima

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

ATUALIZAÇÃO: Bono fala aos líderes globais sobre fome, agricultura e transparência no simpósio pré-G8

ATUALIZAÇÃO: Quem perdeu as observações de Bono,  pode conferir o vídeo completo aqui (em inglês):


Em meio a uma enxurrada de funcionários públicos, líderes de negócios e de ONGs e chefes de Estado Africanos, no “Simpósio Sobre Agricultura Global e Segurança Alimentar” do Conselho de Chicago Sobre Assuntos Globais, a ONE tinha o seu próprio representante: o nosso cofundador Bono.

Bono proferiu um discurso que cobriu tudo, desde a agricultura mundial à ajuda externa para a transparência no setor de mineração. No contexto dos acontecimentos do dia, seus comentários eram uma chamada à ação para todos na sala, nos incentivando a trabalhar juntos para ajudar a tirar 50 milhões de pessoas da pobreza.

“A conversa mudou”, disse ele. “A ajuda é mais inteligente. Está finalmente claro para muitos de nós que o continente que contém a maior parte da pobreza também contém a maior parte da riqueza... Imagine um subsolo rico em ouro, cobre, petróleo... terra fértil não cultivada. Sem mencionar os recursos humanos.”

Bono elogiou a nova aliança do presidente Barack Obama para promover o crescimento agrícola na África, que foi anunciada na mesma data. “Se as palavras de seu discurso forem transformadas numa ação corajosa em parceria com o mundo em desenvolvimento e o setor privado; então, hoje foi um verdadeiro marco”, disse ele.

Ele não se esquivou de reconhecer as duras realidades econômicas que muitos governos enfrentam hoje, elevando-se em 0,7% o objetivo da ODA (Assistência ao Desenvolvimento Oficial) na UE, que está atualmente sob ameaça. Ele também disse que o desenvolvimento internacional, como a música, pode estar sujeito aos caprichos da moda. “A fome era sem graça, não sensual, em algumas estações”, disse. “Mas não é sem graça se você vive no Sahel agora.”

Foi um discurso em geral inspirador, mas acho que ele se resumiu melhor com essa citação: “O Momento pelo qual estamos todos trabalhando, é fazer da Assistência, história.” Não poderíamos concordar mais.

Por Malaka Gharib
Versão em Português: Mônica Brito

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

ONE Canadá – Encontro em Ottawa

Quando Ben Leo, Diretor de Política Global e Sara Messer, Gerente de Políticas da ONE em Washington DC viajaram para Ottawa, parecia uma grande chance de ter um encontro com alguns de nossos membros da ONE na área de Ottawa. O evento atraiu cerca de 25 membros locais, muitos dos quais também eram membros de nossa organização parceira Engenheiros Sem Fronteiras Canadá (link em inglês Engineers Without Borders Canada). Ben Leo falou sobre as campanhas emocionantes que a ONE está veiculando atualmente - O Início do Fim da AIDS e THRIVE (Prospere), incluindo a petição on-line para os membros do G8 para manter os mais pobres e vulneráveis do mundo como prioridade na agenda da Cúpula do G8.

Da esquerda para a direita: Mark Entwhistle, Sara Messer, Peter Braid, Sarah Stone e Ben Leo
Ficamos muito satisfeitos por ter Peter Braid (Membro do Parlamento por Kitchener-Waterloo) participando e compartilhando conosco o papel do Canadá em programas de desenvolvimento em todo o mundo, bem como para  reiterar o  compromisso  com as questões que nos preocupamos na ONE, como a fome mundial e saúde materna e infantil. Sr.Braid também nos contou sobre suas próprias viagens à África e como ele viu em primeira mão que a ajuda canadense funciona. Afirmou o trabalho que a ONE está fazendo e nos encorajou a continuar a defender a causa pelos mais pobres e vulneráveis do mundo.  
Foi uma grande noite de conexão com alguns dos nossos fantásticos membros da ONE no Canadá. Visite a ONE Canada Facebook page  e "curta" e siga-nos no twitter  @ONE_in_Canada  para as mais recentes notícias!

Por Blogger convidada Sarah Stone
Versão em Português: Aline Dias

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Bob Geldof: Os líderes do G8 ainda são capazes de acabar com a pobreza


Bob Geldof conversa com o correspondente da ITV News' Africa Rohit Kachroo na Etiópia
Há algumas semanas, Bob Geldof voltou para a Etiópia para destacar vários problemas no país, incluindo a segurança alimentar, no período que antecedeu a Cúpula do G8 - que aconteceu em Camp David (Maryland - Estados Unidos) entre 18 e 19 de maio de 2012.

Bob Geldof pediu que os líderes do G8 cumpram suas promessas de combater a pobreza extrema e a fome.

Mais de 290.000 ONE membros assinaram a nossa Petição para a Prosperidade (Thrive petition) chamando o G8 a apoiar um plano global para garantir que 50 milhões de pessoas saiam da pobreza através da agricultura e 15 milhões de crianças não tenham que sofrer de desnutrição crônica. Além disso, milhares de membros da ONE enviaram  mensagens para serem  escritas na estrada que conduzia à Cúpula, pelo robô ONE Street Tweet Levando para as Ruas).

Você pode assistir ao relatório completo da ITV aqui ( http://www.itv.com/news/2012-05-14/bob-geldof-returns-to-ethiopia-ahead-of-g8-summit/), ou como foi anunciado na MSNBC no link abaixo:

http://video.msnbc.msn.com/nightly-news/47419569#47419569

Por Peter Taylor
Versão em Português: Aline Dias

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Momentos Mandela: Minhas observações sobre a liderança africana, paz e desenvolvimento

Semhar Araia, fundadora e diretora executiva da Rede Diáspora de Mulheres Africanas (link em inglês Diaspora African Women’s Network), reflete sobre algumas das lições que aprendeu com Nelson Mandela ao longo dos anos.

“Sua liberdade e a minha não podem ser separadas. Eu voltarei.” - Nelson Mandela

De vez em quando, é dada ao mundo a oportunidade de testemunhar as verdades fundamentais da vida através do percurso de uma única pessoa. De tempos em tempos, as ações dessa pessoa, suas palavras e atos e sua busca por uma maior existência deixa um legado duradouro em sua comunidade e em seus colegas compatriotas. No mais raro das vezes, a busca dessa pessoa por paz, justiça e igualdade ressoam tão profundamente que é carregada nos corações e mentes de cada homem, mulher e criança na Terra.


Isso é o que Nelson Mandela significa pra mim.

Para muitos africanos na diáspora, a vida de Madiba é uma fonte infinita de aulas e momentos de aprendizado. Seu lugar na história afirma o nosso lugar no mundo como cidadãos globais negros africanos, líderes e pacificadores. Ele é o exemplo definitivo de governança africana, boa liderança e diplomacia.

Eu sou grata por ter vivenciado, como uma jovem adulta, a transição do apartheid na África do Sul a um jovem governo democrático. Lembro-me de ter ido às manifestações anti-apartheid com minha mãe em meados dos anos 1980. Foi o primeiro ensinamento que me lembro ao ver a responsabilidade coletiva que tivemos na diáspora para lutar pela justiça, liberdade e paz na África.

Por causa de Nelson Mandela, aprendi sobre direitos humanos a partir da perspectiva africana. Foi mais profundo do que a independência de nossos colonizadores, foi sobre o direito de se mover, associar, pensar, falar e contribuir livremente para o bem estar de seu país de modo que se possa ter uma vida melhor. Para mim a vida de Mandela representa a essência da liberdade da África – o direito de todas as pessoas serem ouvidas, organizar, falar, discordar, viver em segurança, paz e justiça.

"Coragem não é a ausência de medo, mas o triunfo sobre ele. O homem corajoso não é aquele que não sente medo, mas quem vence esse medo. "– Nelson Mandela

Nelson Mandela nos lembra da capacidade da África de perdoar e aceitar o outro, transformar a luta contra o inimigo em uma parceria para a coexistência. Sua mensagem nos leva a olhar o interior e nos esforçarmos para sermos melhores de modo que possamos verdadeiramente servir aos outros. Mais importante ele simboliza a sabedoria e a vontade que os líderes devem ter para aceitarem a mudança transformadora que cada pessoa é obrigada a passar.

Muitas vezes, muitos de nós sabemos o que está por vir para a África e seu povo. Nós pensamos sobre as fortunas do continente e os infortúnios, projetando maneiras de criar um melhor caminho cheio de promessa e progresso para todos. Finalmente, chegamos a pergunta de 64 milhões de dólares – o que Mandela fez? Como podemos aprender com ele? Mais importante: o que podemos fazer para desenvolver mais líderes como ele?

Eu chamo essas perguntas de meus “Momentos Mandela”, esses momentos inegáveis, inabaláveis de relação e reflexão onde nós revisamos a história da África do Sul e tentamos tirar lições do estilo humilde de visão e liderança de Mandela. Independentemente da causa, país, sistema de valor ou familiaridade com a África, praticamente o desafio de qualquer um pode ser resolvido de alguma forma, olhando para trás para ver como Mandela enfrentou um desafio similar.


Momentos Mandela para a África

A vida de Mandela, todos os 94 anos dele, refletem um período notável de uma transição após a outra. Sessenta anos de compromisso com a justiça e a paz assumiram várias formas. De um organizador que se tornou prisioneiro, para um líder político que se tornou o primeiro presidente negro, a um antigo líder e diplomata experiente, sua visão de sociedade livre, justa e igualitária nunca vacilou. Para a África há muitos Momentos Mandela onde podemos aprender.

"A paz é a maior arma para o desenvolvimento que qualquer pessoa pode ter." – Nelson Mandela

Na Paz e Resolução de Conflito: Mandela é a prova de que a paz é um processo contínuo que existe muito antes, durante e após os acordos serem assinados e prêmios serem concedidos. É a busca comum e verdadeira de um mundo mais igualitário, justo, tolerante e seguro com o outro.

A paz sobrevive quando as pessoas estão dispostas a levá-la e cultivá-la com o inimigo, independente dos obstáculos. Mandela nos mostrou que a paz não pode vir de influência ou forças externas. Ela deve vir do indivíduo, quando o coração e a mente estão desprovidos de interesses pessoais, queixas ou egos e totalmente comprometido com a paz e a coexistência. Após este compromisso pessoal, Mandela nos ensinou que a paz é alcançada e mantida quando os inimigos escolhem a convivência sobre a guerra ou insegurança. Quando eles escolhem o perdão e a reconciliação, juntamente com pedidos de justiça.

“Uma das coisas que aprendi quando estava negociando era que até eu me mudar, eu não poderia mudar os outros.” – Nelson Mandela

Em Liderança e Governança: Sabemos ao assistir muitos anos de Mandela no ANC, em sua subsequente prisão e, finalmente, como o primeiro presidente negro do país, que a liderança e a boa governança devem existir em todos os níveis para a mudança sistêmica.

A liderança deve ir além da definição de uma pessoa ou visão partidária. A boa vontade de Mandela em trabalhar além das linhas partidárias e sentar-se com o inimigo nos dias pós-apartheid era extremamente arriscada, humana e tolerante. Muitos sentiram que ele tinha abandonado a luta e desistido. Suas ações mostraram que a liderança real é colaborativa, coletiva e abrangente – exatamente o oposto de autoridade, abordagens corruptas ou inflexíveis. É ter foco firme no objetivo comum com perdão, flexibilidade, inclusão e visão para se ajustar às condições humanas.


Em Desenvolvimento: Para os negros sul-africanos, o apartheid representou mais que uma forma institucionalizada de racismo e subjugação. O apartheid era também uma vida de pobreza sistêmica, guerra econômica, negação dos direitos humanos básicos e sofrimento em massa de milhões de negros africanos.

Mandela viu o nexo entre o direito das pessoas para reunir, organizar e gozar plenamente os direitos políticos e econômicos. A prosperidade e a liberdade de um grupo dependem da prosperidade e liberdade do outro. Ele sabia que o governo não poderia melhorar a vida do distrito, ou criar empregos, ou buscar o desenvolvimento nacional em longo prazo, se não reconhecer o direito dos sindicatos de trabalhadores negros, estudantes, mulheres e outros grupos marginalizados para reunir, participar e se engajar com o governo. O desenvolvimento, a prosperidade e a proteção de todos os direitos humanos estavam interligados.


No Poder: Em minha opinião, o maior ato de Mandela como presidente foi o dia que ele optou por deixar. Não porque ele deveria ter se afastado, mas porque nesse gesto ele demonstrou tal visão e sabedoria, que injetou mais fé no processo político do país e do sistema, do que na capacidade de um homem para liderar. Depois de um mandato, apenas cinco anos, Mandela abriu caminho para seus sucessores e focou em servir seu país pela vida cívica. Ele sabia que a nova vida da África do Sul como um país livre necessitava de respirar e crescer. Ele precisava de uma nova vida com mais foco na próxima geração de líderes.

Há muitos ‘Momentos Mandela’ para aprender, mas neste Dia Mandela eu mantenho isso como, talvez, as maiores lições que ele me ensinou. O mundo é um lugar muito mais seguro, amoroso e tolerante por causa de Madiba. Somos eternamente gratos.

Feliz Aniversário, Madiba!
18 de julho, 2012.

Semhar Araia é a fundadora e diretora executiva da Rede Diáspora de Mulheres Africanas. Ela já trabalhou para The Elders, uma organização fundada por Nelson Mandela, Arcebispo Desmond Tutu, Graca Machel, Kofi Annan e dez outros líderes mundiais, entre 2007 e 2008.
Por Semhar Araia
Versão em Português: Mônica Brito