terça-feira, 12 de novembro de 2013

Grande redução na AIDS, mas não há fundos suficientes para atingir metas de 2015


O tratamento PMTCT (prevenção da transmissão de HIV da mãe para a criança) ajuda a impedir a propagação da AIDS, garantindo que as mulheres HIV positivas não transmitam o vírus a seus filhos. Crédito da foto: Morgana Wingard .
Todos os anos, a UNAIDS (uma parceria da ONU para a prevenção da AIDS) lança uma atualização abrangente sobre a epidemia de AIDS. E a cada ano, militantes pela saúde global em todo o mundo saudam o progresso mencionado no relatório. A UNAIDS lançou o relatório deste ano e, previsivelmente, houve muita comemoração: o número de crianças nascidas com HIV foi cortado pela metade desde 2001! Quase 10 milhões de pessoas estão recebendo tratamento que salvam vidas da AIDS!

Estas comemorações estão garantidas, porque estas são grandes realizações. Cerca de 5,2 milhões de mortes foram evitadas entre 1996 e 2012 graças ao tratamento da AIDS. São muitas pessoas que ainda estão conosco hoje, que ainda são capazes de continuar a viver suas vidas com suas famílias. Menos duzentos mil adultos estavam infectados com o HIV em 2012, e houve também muito menos mortes devido à AIDS em 2012 do que em 2011. Este tipo de progresso certamente deve ser reconhecido e aplaudido.

Mas, infelizmente, esse progresso vem com um asterisco. Como o relatório indica adiante, o progresso tem sido feito, mas isso não está acontecendo rápido o suficiente. Nós ainda não estamos no caminho para atingir a meta de reduzir infecções pediátricas para 40.000 em 2015. Nem nós - a este ritmo - chegaremos a 15 milhões de pessoas em tratamento até 2015. Embora haja muitas razões para isso, o que se destaca é a seguinte:a escassez de fundos. Isso não é nenhuma surpresa para ninguém.

Para atingir os objetivos de vidas salvas e infecções evitadas, os programas de HIV irão precisar de $ 22 a $ 24 bilhões de dólares por ano até 2015. Em 2012, cerca de 18,9 bilhões de dólares estavam disponíveis para programas de tratamento do HIV em países de baixa e média renda - mais do que os $ 17.1 bilhões de dólares disponíveis em 2011, mas não no caminho para atingir os $ 22 a $ 24 bilhões necessários até 2015.

Muito deste espaço de fundos previstos e necessários é devido à ajuda internacional contra o HIV permaner essencialmente plana em termos reais entre 2011 e 2012 - apesar de um aumento nominal. Aproximadamente $ 8,9 bilhões de dólares dos $ 18,9 bilhões do ano passado vieram de investimentos internacionais - que é apenas um aumento de 8 por cento comparado a 2011. Um relatório de acompanhamento da Kaiser Family Foundation informou que 64 por cento dos fundos do governo internacional vieram dos Estados Unidos. Na verdade, se a contribuição dos Estados Unidos for retirada por completo, as despesas internacionais com o HIV/AIDS, na verdade, teriam caído - tanto em termos reais e nominais - entre 2011 e 2012.

Por outro lado, os países de baixa e média renda estão intensificando suas respostas à AIDS. O que eu nunca soube até eu ler este relatório, e o que me pareceu duro, é que a maioria dos financiamentos para programas de HIV/AIDS, 53%, na verdade, vêm de financiamentos internos para o HIV e não a partir de fontes internacionais.

Cerca de 90 por cento dos países que fizeram análises a médio prazo, citaram recursos para a AIDS como uma prioridade nacional, enquanto dois terços dos países que forneceram dados de gastos da AIDS relataram um aumento nos gastos domésticos com o HIV. Muitos países, incluindo o Chade, Guiné, Quirguistão e Serra Leoa, foram reportados que os seus finaciamentos nacionais para as atividades do HIV aumentaram mais do que o dobro.

É ótimo e absolutamente essencial que os países de baixa e média renda gastem mais no controle de suas epidemias nacionais de AIDS. No entanto, a comunidade internacional também precisa acelerar na sua ajuda. Muitos países estão finalizando seus orçamentos para o próximo ano, e o Fundo Global de Combate à AIDS, Malária e Tuberculose está em modo de reabastecimento total.

As notícias sobre a epidemia de AIDS, até agora têm sido boas. Mas para mim, a mensagem do relatório deste ano é que, se nós, como defensores da saúde global queremos comemorar não só um importante progresso, mas também bater as metas e nos tornarmos a geração que erradicou a AIDS, agora é a hora de agir e incentivar os nossos governos a aumentar seus investimentos na luta contra a AIDS .

Aja com a ONE contra a AIDS agora. Diga ao Congresso para ampliar seus compromissos com o Fundo Global.

Por: Anupama Dathan
Versão em português: Aline Dias
Anu é a assistente de pesquisa em saúde no escritório de DC da ONE. Ela trabalha nas questões principais para a missão da ONE em várias áreas da saúde global, incluindo o HIV / AIDS, malária, tuberculose e saúde materna e infantil. Anteriormente, ela trabalhou para Illinois PIRG, um grupo de interesse público em Chicago, onde ela fez uma pesquisa e militou sobre uma variedade de questões que vão desde impostos a assistência médica. Anu estudou na Universidade Duke, na Carolina do Norte, onde se formou em políticas públicas com foco na saúde global.

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