segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Preenchendo a escassez alimentar na Etiópia

Nora Coghlan relata ao vivo de Addis Ababa, Etiópia.


Nefisa costumava lutar para alimentar a família em julho e agosto, dois dos meses mais secos na parte montanhosa da Etiópia, na região de Oramia. Eles geralmente conseguiam pegar emprestado dos vizinhos mas, segundo Nefisa, seus cinco filhos estavam frequentemente doentes. Com suas terras secas, ela e seu marido tinham que viajar de cidade em cidade à procura de trabalho diário.


Julho e agosto são ainda difíceis para Nefisa e sua família, mas graças ao Productive Safety Net Program da Etiópia (conhecido como o PSNP - Programa de Rede de Seguraça Produtiva) eles têm agora um suprimento confiável de alimentos durante os meses que costumavam ser conhecidos como "escassez alimentar".


Etiópia lançou a PSNP em 2005 para ajudar as pessoas em situação de insegurança alimentar crônica a construir capacidade de resistência à seca recorrente no país.


Cada mês, durante seis meses, as famílias como a de Nefisa agora recebem transferências tanto de alimentos (15 kg de trigo por pessoa) ou dinheiro. Este apoio extra significa que as famílias não precisam mais vender posses como gado para conseguir sobreviver durante os meses de secas recorrentes.


PSNP da Etiópia é agora o maior programa de rede segurança produtiva do Sub-Saara, abrangendo cerca de dez por cento da população do país (cerca de 7,5 milhões de pessoas). Em um ano como este, quando a pior seca do Chifre da África em 60 anos deixou 12.4 milhões pessoas necessitadas de ajuda alimentar de emergência, o impacto deste programa é enorme.


A alimentação fornecida através da rede de segurança não é um donativo. Em troca de suas transferências mensais, Nefisa e seu marido trabalham em projetos comunitários que vão desde manutenção de escolas e hospitais à construção de sistemas de irrigação. Os benefícios desses projetos se estendem além dos participantes da rede de segurança para atingir comunidades inteiras. Por exemplo, terraceamento nas áreas mais altas da vila de Nefisa tem protegido fazendas locais contra as inundações e a degradação do solo, permitindo que alguns agricultores possam triplicar os seus rendimentos através do aumento da produção.


Rendimentos mais elevados significam que as famílias podem agora economizar e fazer planos para o futuro. Nefisa é membro do comitê da Savings and Internal Lending Community (SILC - Comunidade de Empréstimos Interno e Poupança). O SILC tem 20 membros (todos dos quais são mulheres) e vêm aumentando sua participação semanal de 2 para 5 birr etíope . Coletivamente, elas economizaram 3.000 Birr Etíope durante o ano passado (cerca de US $ 176), dinheiro que pode ser emprestado aos membros para iniciar pequenos negócios ou pagar por dispesas na educação ou saúde.


Embora o PSNP ajude Nefisa "atravessar a escassez" durante meses o mais difíceis de sua família, ela não tem acesso ao capital e à formação que ela vai precisar para se graduar através da rede de segurança. Estas são questões que o governo e seus parceiros estão agora abordando através de programas como “PSNPlus” e “Grad PSNP”. Embora haja desafios pela frente, uma coisa é certa: juntamente com os contos de sofrimento e dificuldades que sai do Chifre da África agora, a história de Nefisa - uma das mas notáveis em resistência graças à inovação e investimento - merece ser manchete também.



Por Nora Coghlan
Versão em Português: Aline Dias
 

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