quinta-feira, 22 de março de 2012

Leitura obrigatória em Davos

Como os negócios do mundo, a política e a elite da mídia fizeram sua jornada anual à cidade suíça de Davos – coberta de mais neve do que eu já vi por lá em uma década – a sabedoria popular tida por eles deverá dispor a leveza de um inverno cinza e um céu alpino. A crise da Zona do Euro, a dificuldade de conseguir duras decisões políticas nos Estados Unidos, e inquietações em alguns campeões entre os países emergentes – a possibilidade de um acidente de propriedades na China, por exemplo, ou de inflação descontrolada na Índia- foram ditos a contribuir para uma nota de pessimismo entre  os devotos de Davos.

Mas mesmo se você acha que os profetas da desgraça e da melancolia econômica global estão certos – eu não, como acontece, mas essa é outra história –há uma abundância de razões para estarem alegres sobre o estado do mundo. Algumas delas foram recolhidas na carta anual de Bill Gates sobre o trabalho da Fundação Bill e Melinda Gates, que deveria ser leitura obrigatória para a multidão de Davos. A carta detalhou alguns dos extraordinários avanços que foram feitos na saúde global, por exemplo, nas últimas décadas, com a implantação de vacinas em larga escala, grandes progressos, especialmente na Índia, na erradicação da poliomielite, e, de fato, sobre o tratamento e prevenção de HIV / AIDS. Fiquei particularmente satisfeito que essa carta de Bill fez menção à vacina contra o rotavírus que GAVI está lançando para combater uma das principais causas da diarreia – uma assassina terrível de crianças, e que raramente tem conseguido a discussão pública ou política que merece.

Claro, a carta apontou como muito mais é necessário fazer para com que todas as pessoas, em todos os lugares, pudessem viver em igual dignidade. Mais financiamento precisa ser dedicado à investigação e desenvolvimento na agricultura – o objetivo chave da ONE este ano. Aqueles dentre nós que defendem o aumento dos recursos destinados aos pobres do mundo percebem que, em tempos difíceis, temos o nosso trabalho um desafio para nós. Mas quando financiadores generosos como a Fundação Gates e os contribuintes em todo o mundo têm feito muito para combater a pobreza extrema e doenças evitáveis nos últimos dez anos, agora seria o pior momento para desistir da luta. Essa luta é mais provável de ser conquistada, como Bill apontou em uma passagem sobre a necessidade de mais recursos para o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária, que vale a pena citar por extenso, se os cidadãos do mundo rico compreendem o quanto poderia ser feito com relativamente poucos recursos.  

“Entre 2011 e 2013, assumindo que todos os doadores honrem seus compromissos, o Fundo Global vai desembolsar US$10 bilhões. Este é um aumento de US$2 bilhões, mas não os quase US$ 12 – 14 bilhões que são necessários e se esperam. Os cidadãos dos países doadores devem saber a respeito da diferença que a sua generosidade fez. O custo para manter um paciente com medicamentos para Aids foi diminuindo, e parece que a obtenção de US$300 por paciente ao ano deve ser atingida. Isso significa todos os 300 dólares que os governos investirão no Fundo Global irão colocar outra pessoa em tratamento por um ano. Cada US$300 não disponíveis irão representar uma pessoa tirada do tratamento. Isso é uma escolha muito clara. Acredito que se as pessoas entendessem a escolha, elas iriam pedir ao seu governo para salvar mais vidas.”

Por Michael Elliott 
Versão em Português: Monica Brito

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