O que podemos fazer
para combater a corrupção? Uma das mais frequentes perguntas que a
Transparência Internacional fez quando publicou o Índice de Conhecimento da
Corrupção 2012.
A questão é
particularmente pertinente na África, que tem apenas 5 países entre os 50
primeiros do índice, onde pontuações mais baixas indicam maior percepção de
corrupção em 176 países no setor público. 90% dos países africanos no índice
marcam menos que 50 de 100, com Botswana em 30° lugar mostrando o que pode ser
alcançado na luta contra a corrupção e Somália em último lugar avisa o que pode
acontecer se você não faz.
A corrupção é um
fardo diário em Uganda, que se classificou em 130° dos 176 países e,
recentemente, enfrentou um escândalo de grande aporte. A situação é
particularmente tensa no setor de saúde. Nossa pesquisa mostrou que menos da
metade dos funcionários estavam disponíveis nas unidades de saúde. A ausência
de especialistas em saúde inevitavelmente expõem as pessoas a pagar subornos se
quiserem tratamento preferencial.
De fato, 24% dos
profissionais de saúde pesquisados reconheceram que receber pagamentos
informais em troca de serviços é comum. 44% relataram que usuários do serviço,
por vezes, oferecem presentes aos funcionários de saúde. (Nossos colegas no
Zimbábue enfrentam um desafio semelhante: enfermeiros multam mulheres por
gritarem no parto).
A situação é agravada
pela falta de transparência e prestação de contas, tornando mais difícil aos
cidadãos enfrentarem o problema. Nenhuma das instalações de nível mais baixo de
saúde que nós observamos tinha registros financeiros completos e a maioria das
instalações não tinham atualizados os registros de estoque de medicamentos.
Em 2010 nós
propusemos a resolução dos problemas na área de saúde e agricultura,
implementando pactos de desenvolvimento no centro de Uganda, semelhante àqueles
tentados pelos nossos colaboradores na Índia.
Dissemos às comunidades
para escolherem a sua própria agenda de desenvolvimento, então pedimos aos
políticos locais a se comprometerem a cumprir essa agenda. As pessoas foram
capazes de escolher as questões que lhes interessam, e claramente relataram o
que esperam que seus líderes concretizem.
Alguns dos líderes
recusaram, alguns se inscreveram. Não surpreendentemente, mais dos últimos que
os primeiros foram eleitos.
Depois que o acordo foi assinado, cidadãos estabelecem comissões para monitorar o progresso. Políticos e funcionários dão frequentemente acesso aos seus escritórios para obtenção de informação.
O resultado foi
pressão implacável da comunidade por melhores serviços. Os comitês contam
pessoalmente os medicamentos que são entregues. A lista de medicamentos
recebidos é publicada em quadros de aviso. Mais funcionários foram contratados,
mais mosquiteiros foram entregues e mais pessoas estão visitando os centros de
saúde. Os pais já aprenderam a controlar os orçamentos e estão monitorando
agora os orçamentos escolares também.
As pessoas da minha
aldeia são felizes, porque podem receber todos os medicamentos básicos
prescritos pelo médico sem custo e a escassez de medicamentos tornou-se
história no centro de saúde. – Um membro da comunidade do sub condado Kyebe.
Outra prioridade foi
o financiamento do governo para os agricultores de subsistência. O governo
fornece fundos de apoio aos agricultores. No âmbito do sistema, as autoridades
locais devem utilizar os fundos do Estado para a compra de sementes e
equipamentos aos agricultores de subsistência locais. O problema é que sempre
compram sementes e máquinas abaixo do padrão e mantem a diferença.
Realizamos comitês de
avaliação com a participação de políticos locais e representantes do governo.
No passado, os políticos sempre culpavam o outro pelas falhas. Mas quando estão
todos na mesma sala, de repente torna-se difícil fugir a responsabilidade.
Foto: Membros da
Transparência Internacional e da comunidade testemunham a assinatura do acordo.
Conseguimos dar aos
agricultores mais controle sobre o processo. Os critérios para selecionar os
agricultores que recebem o apoio ficaram mais simples e mais abertos. Mais
agricultores aderiram ao programa de apoio do governo, depois de terem sido
informados dos seus direitos e de que o processo seletivo foi elaborado mais
aberto.
Nosso trabalho
continua.
No norte do país,
estamos ajudando os cidadãos a denunciarem problemas na área de saúde através
do envio de mensagens de texto SMS. Por exemplo, eles advertiram que as redes
de malária não estão sendo distribuídas, apesar do fato de o centro de saúde
ter recebido a entrega do governo central.
Por: ONE Parceiros
Versão em Português: Mônica Brito
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