terça-feira, 18 de outubro de 2011

Uma em cada sete pessoas no mundo dorme com fome

Reportagem da Revista Veja on line


Situação é alarmante, principalmente pela alta de preços dos alimentos, diz FAO


Fome: região do Chifre da África é a mais afetada
Fome: região do Chifre da África é a mais afetada (Mohamed Abdiwahab/AFP)

A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA) consideram que a situação da fome no mundo é alarmante, devido ao constante aumento da população mundial e a forte alta dos preços dos alimentos. "Uma em cada sete pessoas no mundo vai dormir com fome, a maioria delas mulheres e crianças", manifestou Lauren Landis, diretora do escritório do PMA em Genebra durante a inauguração de uma exposição para denunciar este problema.
Lauren, que apresentou no Palácio de Nações a mostra Lutando Contra a Fome Juntos, lembrou que "a fome mata mais pessoas a cada ano do que a aids, a malária e a tuberculose". O objetivo da FAO e do PMA é alertar sobre este problema para encontrar soluções para a atual volatilidade do mercado de alimentos e conseguir passar de uma situação de crise a uma de estabilidade que garanta comida para toda a população.
Entre 2005 e 2008, os preços dos alimentos alcançaram seu nível mais alto dos últimos 30 anos, com aumentos preocupantes em itens básicos como milho, que subiu 74% nos últimos 18 meses e o arroz, que subiu 166%. Esta situação causou revolta na população, que respondeu com episódios de agitação civil em mais de 20 países da África. A situação se agravou com a crise econômica internacional em 2008 e a posterior atuação de especuladores.
Preços dos alimentos - Abdesselam Ould Ahmed, diretor do escritório da FAO em Genebra, explica que "a situação se tornou dramática a partir de 2008, quando os preços alcançaram uma alta histórica e quase dobraram num período de três a quatro anos". "Após a queda em 2009, estamos outra vez com os preços em uma situação de alta. O quadro agora é mais dramático pelo aumento dos preços, a crise e outros problemas que limitam a capacidade do setor agrícola em suprimir a demanda", disse.


Ahmed ressaltou que há "muitas razões por trás da alta dos preços". Entre estas destacou que "a cada ano há 80 milhões de bocas a mais para alimentar no mundo" e os países em desenvolvimento elevam seu nível de vida, aumentando a pressão alimentícia. "Estes países aumentaram o consumo de carne e de outros alimentos nutritivos que precisam de uma produção intensiva, principalmente no que se refere ao consumo de cereais", afirmou.


O representante da FAO afirmou que a atual crise de fome que afeta milhares de pessoas no Chifre da África deve servir como alerta para outros países que podem sofrer com situação similar no futuro. "Muitos países estão expostos a crises desse tipo. É uma crise complexa, com um país destruído pela guerra, mas uma escassez como esta pode se repetir em outros lugares, onde se combinem a seca, os altos preços dos alimentos e a instabilidade", advertiu.

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