quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Fome foi declarada encerrada na Somália, mas não percamos de vista o que está em jogo.

Em 03 de fevereiro a fome na Somália foi declarada encerrada. “Isto não é motivo para celebração”. E eu não poderia concordar mais. Se você pensar a respeito, a definição técnica de fome é mais de 2 adultos ou 4 crianças abaixo de 5 anos para cada 10.000 morrendo diariamente por falta de acesso a comida e água. Então pessoas podem ainda estar morrendo, apenas menos famílias ainda vivem em extrema dificuldade. Mesmo que não haja fome, não significa que não haja crise de alimentos.  Nós claramente não resolvemos a questão.
Para começar, muitas pessoas na Somália e partes da região do Chifre da África ainda estão em risco, enquanto a situação na Etiópia e Kenia estão estáveis. Ao redor do Chifre ainda há 10.4 milhões de pessoas em dificuldade. Na Somália são 2.3 milhões em risco e 1.4 milhões necessitando de assistência urgente. Para atender esses Somalis que precisam, há um novo Processo de Apelo Consolidado da ONU 2012 (CAP). Apesar de revisado algumas vezes,  está em efeito desde setembro de 2011. De algum modo, 5 meses mais tarde, em fevereiro de 2012, do apelo de 1.4 bilhões de dólares apenas 7% foi doado para a Somália e 16% para o Chifre da África. Será que realmente esquecemos nossas lições aprendidas com tanta dificuldade tão rápido?
Não há dúvida que a fome poderia ter sido evitada se os doadores tivessem respondido mais rápido. A campanha da ONE “Fome Nunca Mais” salienta que a seca é inevitável, mas a fome não. Nós temos os sinais de alerta com antecedência , os avisos foram dados, mas as ações novamente são muito lentas.
Esperamos que a Conferência sobre a Somália organizada pelo Reino Unido em 23 de fevereiro ajude a escrever uma melodia diferente. Apesar da maior parte da conferência ser dominada por preocupações em segurança, há uma plataforma dedicada ao enfrentamento de assuntos humanitários onde espera-se que David Cameron saliente a necessidade de avanço contínuo e sustentável. As ONG’s também estarão mobilizadas alguns dias antes para manter a pressão.
Dinamismo e pressão são exatamente o que falta. Em adição a atual crise na Somália e região do Chifre, a costa oposta da África está sob ameaça de outra crise de alimentos. A situação não foi mensurada ainda, mas o que estamos esperando? De acordo com a Time, um terço da população em Sahel - região semi-árida que se estende pela África ocidental – estão em risco de fome.
Mas isto não é novidade. Fome para muitas pessoas no oeste da África é crônica e ocorre a cada ano durante a estação da fome. Isto apenas reforça a necessidade de investimentos de longo prazo em agricultura – exatamente como prometeram os doadores na Cúpula do G8/2009 em L’áquila,  e os governantes africanos em investir em sua própria população.
A ONE continuará a cobrar dos doadores o cumprimento das promessas de incrementar os investimentos em agricultura, segurança alimentar e nutrição. Antecipando os alertas de crises iminentes de alimentos e fazendo investimentos inteligentes em soluções de longo prazo, podemos juntos quebrar o ciclo da pobreza.
Por Emily Alpert
Versão em Português: Li Lima

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