segunda-feira, 16 de julho de 2012

A Democracia do Senegal enfrenta o teste do tempo

Este post foi publicado originalmente no ONE Africa Blog - você pode acompanhar todas as últimas notícias da eleição da África seguindo @ONEinAfrica . 
Senegal tem sido celebrado como um oásis de paz entre seus vizinhos repletos de golpes na África Ocidental. No entanto, com a recente onda de violência que abalou Dakar antes das eleições presidenciais de domingo, muitos começaram a se perguntar se poderia Senegal estar à beira de perder sua reputação como a democracia mais estável da África. Os manifestantes estão em pé de guerra contra o anti motim da polícia no centro da cidade de Dakar, por pouco parando os negócios e com dezenas de feridos relatados.

O conflito é baseado na proposta do Presidente Wade para um terceiro mandato. Os partidos de oposição dizem ter votos para provocar o caos, caso o titular de 85 anos ganhe a eleição. Seu ponto de discórdia reside no fato de que a Constituição claramente proíbe o Presidente Abdoulaye Wade de concorrer nas eleições deste ano. Alguns membros de oposição estão pedindo um adiamento da eleição dizendo que seria impossível realizar uma eleição livre e justa no Senegal.

O Presidente Wade, por outro lado, vê as coisas de forma muito diferente. Ele argumentou que a Constituição que ajudou a alterar para limitar a dois os mandatos presidenciais, entrou em vigor depois que ele estava no poder e, portanto, ainda era tecnicamente legal para ele concorrer a outro mandato. O partido governista descartou a possibilidade de alterar as datas das eleições. A não ser que algo drástico aconteça, o Senegal está, portanto, definido para as eleições no dia 26 de fevereiro.

No meio de tudo isto, a União Africana nomeou o ex-presidente nigeriano, Olusegun Obasanjo, para chefiar sua delegação antes da eleição do domingo. Obasanjo foi citado no sentido que ele está pronto para ir além da simples observação das eleições à mediação caso seja necessário.

O Presidente Obasanjo diz que já se reuniu com o presidente Abdoulaye Wade e vários membros da oposição incluindo Ousmane Tanor Dieng, Youssour N'dour e Alioune Tine. Jornais senegaleses também relatam que ele se reuniu com o presidente do tribunal constitucional, o corpo jurídico que tem a palavra final sobre as disputas eleitorais. Foi o tribunal que desqualificou Youssour N'Dour, um dos músicos mais famosos da África, por discordar. E foi também o tribunal que decidiu que Wade poderia se candidatar a um terceiro mandato, no argumento de que ele foi eleito antes da nova Constituição, incluindo limites de prazo que entraram em vigor.

Os observadores internacionais, incluindo a UE e os EUA, pediram a restrição e desejaram uma eleição pacífica, livre e justa. No final do dia, como a Análise da África diz, qualquer que seja o resultado, o modelo de democracia de Senegal esta semana está definido para enfrentar um severo exame que quer quebrar a orgulhosa tradição ou deixá-lo ainda mais forte. Muitos esperam o último.

Por Wangui Muchiri
Versão em Português: Monica Brito

Um comentário:

  1. É um começo. Que as coisas se estabilizem mais por lá.

    Parabéns pela adaptação, Mônica!

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