terça-feira, 18 de junho de 2013

G8, transparência e impostos: hora de mudar as regras

O primeiro-ministro britânico David Cameron estabeleceu uma agenda para o G8 extremamente ambiciosa em impostos, transparência e comércio (ver seu discurso no dia 15 de junho). Tratar estas questões diretamente é fundamental, se os países em desenvolvimento e os parceiros do G8 vão abordar as causas da pobreza, ao invés de simplesmente abordar suas conseqüências. Em poucas horas, veremos se o primeiro-ministro e os seus parceiros do G8 serão capazes de cumprir a retórica ambiciosa. Os olhos do mundo estão assistindo.

Há algumas boas notícias. No sábado, dia 15 de junho, o Reino Unido confirmou que todos os seus territórios e Dependências da Coroa assinaram a Convenção Multilateral de Assistência Mútua Administrativa em Matéria Fiscal, irá participar do sistema planejado de troca automática de informações relacionadas as taxas e vai elaborar planos de ação para quem possui e controla empresas (o chamado usufruto).

Além disso, o próprio Reino Unido se comprometeu a apoiar a criação de registros centrais da propriedade benéfica. Isso será feito, na União Europeia, através da 4ª Directiva Anti-Lavagem de Dinheiro. O Governo do Reino Unido vai decidir se apoia registros privados ou públicos após uma nova consulta. O Primeiro-Ministro deixou claro no dia 15 de junho que "espera que o mundo inteiro adote os registros públicos", confirmando a mensagem que ele deu aos líderes da UE em abril.

Tudo isso é muito bem-vindo. O Governo do Reino Unido e o primeiro-ministro devem ser felicitados por sua liderança. Mas para realmente entregar desenvolvimento, muito precisa ser feito. Todos os países do G8 precisam enfrentar o flagelo das empresas fantasmas, divulgando informações sobre quem possui e controla empresas e fundos através de registros públicos centrais. Isso garantirá que essa informação estará disponível não só para as autoridades de execução fiscal e da lei, mas também para os cidadãos, as organizações de mídia e todos com interesse em seguir onde é investido o dinheiro e acabar com a corrupção.

O G8 também deve garantir que o sistema que planejam colocar em prática para a troca automática de informações fiscais envolva países em desenvolvimento desde o início. Investir na capacidade das autoridades fiscais é importante - especialmente quando está focado na construção de sua capacidade de trocar automaticamente as informações. Mas o que realmente importa é a mudança das regras.

Ao tomar essas medidas, o G8 pode ter certeza que não coloca apenas sua própria casa em ordem, mas o faz de forma que funciona para as pessoas além do G8 também. O Governo do Reino Unido deve continuar a pressionar seus parceiros, sem perder o ritmo ou diminuir a aspiração. Parceiros do G8 devem decidir onde querem estar - apoiar e moldar a revolução em transparência ou resistir à maré da história. A África aguarda.

Por Alan Hudson
Versão em Português: Li Lima

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