segunda-feira, 20 de maio de 2013

O Reino Unido será o primeiro país do G8 a atingir a meta de ajuda

Este post foi publicado inicialmente no NewStatesman.com


Martin Luther King pode ter tido razão ao dizer que o arco moral das curvas do universo vão em direção à justiça, mas também sabia que tal curva virtuosa em longo prazo não seria alcançada sem várias marteladas diárias, levantando e empurrando.

Hoje, depois de o chanceler confirmar que a Grã Bretanha vai se tornar o primeiro país do G8 a alcançar a meta 43 anos de 0,7% para a ajuda internacional como proporção da renda nacional, parece um daqueles momentos de dar um passo atrás das marteladas e ver a forma do arco. 

Confesso: Eu não entrei em uma campanha global para atingir a meta de 0,7%. Mas logo percebi que era um passo necessário ao longo da estrada em direção a um objetivo pelo qual realmente vale a pena lutar: o fim da pobreza extrema. E eu também confesso que levou mais tempo que eu pensava que levaria.

Desde as primeiras tentativas de promessas para “começar a reverter o declínio”, no orçamento de ajuda feito pelo New Labour em 1997, com a forte liderança de Blair e Brown em 2005 para conseguir outros países atrás de metas ousadas de ajuda e um pacote de outras medidas, e o notável compromisso de David Cameron, George Osborne e Nick Clegg, desde 2010, que levou esta questão fora da política partidária... tem sido uma longa estrada. Mas, hoje, podemos olhar para trás e ver a que distância nós viajamos.

Os argumentos permanecem, é claro. Há aqueles que dizem que 0,7% são desnecessários arbitrários e inviáveis. Mas, como a ONE estimou ano passado, alcançando os 0,7%, os contribuintes britânicos vão colocar 15,9 milhões de crianças na escola, vacinar 80 milhões de crianças contra doenças potencialmente fatais, fornecer água potável para 17 milhões de pessoas e ajudar 77 milhões na obtenção de serviços financeiros básicos como contas em banco e crédito, permitindo-os trabalharem à sua maneira para saírem da pobreza para sempre.

E é 0,7% uma meta arbitrária? Apenas no sentido em que 64,4 Km/h é um limite arbitrário em autoestrada. Podemos discutir sobre os detalhes, mas o ponto é razoável.

Quanto à acessibilidade: são 7 centavos a cada dez libras de renda nacional. Como proporção dos gastos do governo, isso é minimizado por quase todo o resto. Uma pessoa ganhando £30.000 por ano contribui com cerca de £67 para o auxílio por ano e cerca de £6.595 para todo o resto. Mesmo em tempos difíceis é esta pequena mudança que faz uma diferença muito grande – e quando dito os fatos sobre a dimensão do orçamento de ajuda, seis a cada dez pessoas dizem que é razoável ou não suficiente.

Olhando para o futuro, há desafios. Como o orçamento da ajuda está atrelado ao tamanho da renda nacional, cada vez que a riqueza da nação é revista em baixa, a ajuda diminui também. No anúncio de hoje, £130 milhões foram cortados da proposta de aumento da ajuda. O Departamento para o Desenvolvimento Internacional pode, provavelmente, apenas absorver um golpe como esse, mas é um lembrete de que, enquanto a economia britânica continua a sofrer, as pessoas mais pobres do mundo partilham o fardo. E para garantir agora a real segurança sobre os futuros compromissos de ajuda, a coisa certa a fazer será consagrar a meta de 0,7% em lei, como todos os três principais partidos se comprometeram a fazer neste Parlamento. O próximo Discurso da Rainha seria o momento certo para o Governo de Coalizão fazer valer essa promessa.

Finalmente, o Reino Unido deve usar esta autoridade moral e força política para tudo valer a pena quando sediar o G8 em junho. O Primeiro Ministro tem uma grande visão de o que ele pode conseguir com a sua presidência no G8. Com o impulso político necessário, ele pode ajudar a desencadear uma revolução na transparência, para que os cidadãos comuns tenham a informação que precisam para que seus governos e os outros prestem contas, transformando recursos em resultados na luta contra a pobreza extrema. E com outros líderes, ele pode assumir compromissos importantes na agricultura e nutrição, colocando o peso político e o apoio financeiro por trás de planos nacionais das lideranças dos países africanos.

Com estas duas etapas em 2013 a visão do fim da pobreza extrema será mais possível que nunca. E hoje será lembrado como um marco memorável nessa jornada histórica.

Por Adrian Lovett
Versão em Português: Mônica Brito

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