quarta-feira, 15 de maio de 2013

Por que agora é a hora de investir em Saúde da Criança?

Ricardo Cortés Lastra é membro do Parlamento Europeu e Presidente da Delegação do Grupo Parlamentar Misto UE-México. É membro ativo do Comitê de Desenvolvimento, onde atua como Coordenador do Grupo da Aliança Progressista dos Socialistas & Democratas, também faz parte da Delegação da Assembleia Parlamentar Euro-Latina.

Há duas semanas celebramos a Semana Mundial de Imunização. Que melhor ocasião para lembrar os progressos realizados e também olhar para os desafios de ampliação e melhoria na saúde da criança?

Todos os dias, 19.000 crianças morrem principalmente de doenças evitáveis, embora o mundo tenha feito progressos nos últimos 25 anos. A redução de 40% no número de mortes de crianças de 12 milhões em 1990 para 6,2 milhões em 2011, demonstra nossa capacidade de implementar programas eficazes que têm o poder de salvar milhares de vidas.

Entretanto, a maioria destas 6,2 milhões de mortes infantis poderiam ser evitadas através da disponibilização programa integrado de alto impacto, intervenções de baixo custo, especialmente com foco na saúde materna e infantil durante os primeiros mil dias, desde a concepção até os dois anos.

Este pacote de serviços essenciais inclui intervenções como check-ups no pré e pós-natal, imunizações, promover o aleitamento materno exclusivo por seis meses e a introdução oportuna de alimentos complementares adequados, acesso ao tratamento de doenças comuns da infância e saneamento básico. Se essas intervenções, que se mostraram acessíveis e eficazes na redução da mortalidade infantil fossem implementadas em larga escala, poderiam salvar milhões de vidas.

Investir na saúde infantil, salva não apenas vidas, mas também faz sentido economicamente porque algumas das intervenções mais eficazes são baratas e se implementadas no início da vida, o retorno sobre o investimento é muito alto (o valor será muito pequeno quando comparado com os gastos ao longo da vida da criança). Por exemplo, incentivar o aleitamento materno exclusivo por seis meses, custa pouco, mas pode reduzir a chance de morte por diarreia  e pneumonia em mais da metade. Fornecer suplementos de micronutrientes ou alimentos fortificados para crianças pode reduzir a anemia, o que melhora o desenvolvimento físico e cognitivo delas e permite que atinjam seu pleno potencial. Estima-se que a mortalidade materna e neonatal custe aos países cerca de US$ 15 bilhões em perda de produtividade. Nações com altos níveis de desnutrição perdem 2-3% do seu PIB anualmente.


Sabemos o que funciona, e muitos países conseguiram reduzir a mortalidade materna e infantil, bem como a desnutrição. O Brasil conseguiu reduzir a desnutrição de 36,1% para 7% num período de 20 anos, investindo em um programa integrado (o maior programa de transferência de renda do mundo), que inclui transferência de renda às famílias pobres com filhos, com a condição de que as crianças sejam vacinadas, participem de acompanhamento do crescimento e que enviem seus filhos à escola.

Apesar das evidências de que intervenções são eficazes, muitos países ainda estão lutando. Intervenções que abordam somente um aspecto da saúde não pode efetivamente vencer a mortalidade infantil. Por exemplo, apenas oferecer melhor alimentação não vai melhorar o estado nutricional da criança, se elas constantemente contraem doenças por falta de saneamento básico.

Devemos intensificar nosso apoio às iniciativas globais, como a Aliança GAVI, que têm demonstrado a sua eficácia. A GAVI ajuda a fortalecer os sistemas ambulatoriais de saúde, bem como melhora o acesso às vacinas em países pobres. Em uma abordagem complementar, devemos investir em programas integrados no setor da saúde, especialmente, promovendo cuidados gratuitos nos postos de saúde regionais.

Se integrados, programas coordenados são implementados de forma eficaz, e atingirão a maior parte da população possível, incluindo os mais pobres e mais difíceis de alcançar. Novamente, o Brasil é um bom exemplo, pois conseguiu reduzir o nanismo no segmento mais pobre da sociedade de 59% para 11%. As intervenções devem chegar a toda a população, especialmente os mais pobres e vulneráveis, para efetivamente reduzir a mortalidade infantil e desnutrição.

Esta oportunidade é única para trazer um substancial declínio na mortalidade infantil e melhorar a vida da criança, quebrando assim esses ciclos de várias gerações e ajudando a capacitar todas as pessoas a atingirem seu potencial pleno. Precisamos mostrar que a vontade política é necessária para garantir que toda criança atinja seu quinto aniversário.

Convidado do Blog: Ricardo Cortés Lastra
Versão em Português: Li Lima

Um comentário:

  1. GOSTARIA MUITO DAS REFERÊNCIAS UTILIZADAS NOS DADOS SOBRE O BRASIL! GRATA

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