Há duas semanas celebramos a Semana Mundial de Imunização. Que melhor ocasião para lembrar os
progressos realizados e também olhar para os desafios de ampliação e melhoria
na saúde da criança?
Todos os dias, 19.000
crianças morrem principalmente de doenças evitáveis, embora o mundo tenha feito
progressos nos últimos 25 anos. A redução de 40% no número de mortes de
crianças de 12 milhões em 1990 para 6,2 milhões em 2011, demonstra nossa
capacidade de implementar programas eficazes que têm o poder de salvar milhares
de vidas.
Entretanto, a maioria destas
6,2 milhões de mortes infantis poderiam ser evitadas através da
disponibilização programa integrado de alto impacto, intervenções de baixo
custo, especialmente com foco na saúde materna e infantil durante os primeiros
mil dias, desde a concepção até os dois anos.
Este pacote de serviços
essenciais inclui intervenções como check-ups no pré e pós-natal, imunizações,
promover o aleitamento materno exclusivo por seis meses e a introdução oportuna
de alimentos complementares adequados, acesso ao tratamento de doenças comuns da infância e saneamento
básico. Se essas intervenções, que se mostraram acessíveis e eficazes na
redução da mortalidade infantil fossem implementadas em larga escala, poderiam
salvar milhões de vidas.
Investir na saúde infantil, salva
não apenas vidas, mas também faz sentido economicamente porque algumas das
intervenções mais eficazes são baratas e se implementadas no início da vida, o
retorno sobre o investimento é muito alto (o valor será muito pequeno quando comparado
com os gastos ao longo da vida da criança). Por exemplo, incentivar o
aleitamento materno exclusivo por seis meses, custa pouco, mas pode reduzir a
chance de morte por diarreia e pneumonia
em mais da metade. Fornecer suplementos de micronutrientes ou alimentos
fortificados para crianças pode reduzir a anemia, o que melhora o
desenvolvimento físico e cognitivo delas e permite que atinjam seu pleno
potencial. Estima-se que a mortalidade materna e neonatal custe aos países
cerca de US$ 15 bilhões em perda de produtividade. Nações com altos níveis de desnutrição
perdem 2-3% do seu PIB anualmente.
Sabemos o que funciona, e
muitos países conseguiram reduzir a mortalidade materna e infantil, bem como a desnutrição.
O Brasil conseguiu reduzir a desnutrição de 36,1% para 7% num período de 20
anos, investindo em um programa integrado (o maior programa de transferência de
renda do mundo), que inclui transferência de renda às famílias pobres com
filhos, com a condição de que as crianças sejam vacinadas, participem de
acompanhamento do crescimento e que enviem seus filhos à escola.
Apesar das evidências de que
intervenções são eficazes, muitos países ainda estão lutando. Intervenções que
abordam somente um aspecto da saúde não pode efetivamente vencer a mortalidade
infantil. Por exemplo, apenas oferecer melhor alimentação não vai melhorar o
estado nutricional da criança, se elas constantemente contraem doenças por falta
de saneamento básico.
Devemos intensificar nosso
apoio às iniciativas globais, como a Aliança GAVI, que têm demonstrado a
sua eficácia. A GAVI ajuda a fortalecer os sistemas ambulatoriais de saúde, bem
como melhora o acesso às vacinas em países
pobres. Em uma abordagem complementar, devemos investir em programas integrados
no setor da saúde, especialmente, promovendo cuidados gratuitos nos postos de
saúde regionais.
Se integrados, programas coordenados
são implementados de forma eficaz, e atingirão a maior parte da população
possível, incluindo os mais pobres e mais difíceis de alcançar. Novamente, o
Brasil é um bom exemplo, pois conseguiu reduzir o nanismo no segmento mais
pobre da sociedade de 59% para 11%. As intervenções devem chegar a toda a
população, especialmente os mais pobres e vulneráveis, para efetivamente
reduzir a mortalidade infantil e desnutrição.
Esta oportunidade é única
para trazer um substancial declínio na mortalidade infantil e melhorar a vida
da criança, quebrando assim esses ciclos de várias gerações e ajudando a
capacitar todas as pessoas a atingirem seu potencial pleno. Precisamos mostrar
que a vontade política é necessária para garantir que toda criança atinja seu
quinto aniversário.
Convidado do Blog: Ricardo Cortés Lastra
Versão em Português: Li Lima
GOSTARIA MUITO DAS REFERÊNCIAS UTILIZADAS NOS DADOS SOBRE O BRASIL! GRATA
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